Advogado e professor, Marco Maciel foi deputado, governador de Pernambuco, senador, ministro-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República e vice-presidente da República de 1995 a 2003, no governo Fernando Henrique Cardoso
Ex-presidente
da República Marco Maciel (Foto: Clemilson Campos/Acervo JC Imagem)
Vice-presidente
da República de 1995 a 2002, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o
pernambucano Marco Maciel morreu
na madrugada deste sábado, 12 de junho (12/06). Ele estava internado
em hospital em Brasília, em decorrência de complicações do Mal de Alzheimer,
que o acometia desde 2014.
Advogado
e professor, Marco Maciel foi deputado, governador de Pernambuco, senador,
ministro-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República e vice-presidente
da República de 1995 a 2003, no governo Fernando Henrique Cardoso.
Conheça a trajetória do ex-presidente.
Histórico
Marco
Maciel assumiu a presidência da República 87 vezes – “um pouco mais de 10
meses” – nos oito anos em que foi vice de FHC, que ocupou o Palácio do Planalto
de 1995 a 2002. “Era o vice dos sonhos. Viajava e não tinha a menor
preocupação, porque Marco era correto. E mais do que correto, minucioso, quase
carinhoso. Por exemplo, muitas vezes me trazia algo para ler e marcava em
amarelo para poupar o meu tempo. Ele era leal ”, afirmou o ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em depoimento ao documentário Marco Maciel – A
Política do Diálogo, realizado pela TV Câmara em 2016.
O
que mais chama a atenção da frase acima é que Marco Maciel e Fernando Henrique
Cardoso passaram grande parte da vida em partidos de lados opostos. Maciel foi
um tradicional quadro de siglas da direita – como Arena, PDS e o PFL – e
Fernando Henrique, era considerado de esquerda até se tornar presidente da
República, quando assumiu um perfil de centro-direita. As posições religiosas
também eram diversas: Marco Maciel era muito católico e FHC agnóstico.
“Ponderado,
tinha horror à crença ideológica cega e também à arrogância da razão. Homem de
princípios, não desdenhava das orientações alheias. Construtivo na vida
pública, derrubava barreiras, não construía muros que impedissem o diálogo”,
afirmou Fernando Henrique, se referindo a Marco Maciel”, num texto intitulado
Fé e Razão, uma das apresentações da biografia Marco Maciel – Um Artífice do
Entendimento, de autoria do jornalista Angelo Castelo Branco.
A
aproximação entre os dois ocorreu quando ambos eram senadores e o apartamento deles
ficava próximo em Brasília, o que faziam eles se encontrarem, “de vez em
quando”, como lembra Fernando Henrique. Quando começou essa convivência, “Marco
Maciel já se inclinava abertamente a ajudar o fim do ciclo político que se
iniciara em 1964”, como disse FHC na biografia citada acima.
“Marco
Maciel, Luís Eduardo Magalhães e Jorge Borhausen foram os primeiros a colocar a
eventualidade de eu ser candidato a presidente da República”, lembrou Fernando
Henrique no mesmo documentário. Os três foram dissidentes do antigo PDS e
passaram a fazer parte do Partido da Frente Liberal (PFL) que apoiou a
candidatura de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. Fernando Henrique também
afirmou que, entre os políticos do PFL, o que tinha mais influência sobre ele
era Marco Maciel, “que era discreto”. Na época, se falava muito que o político
mais importante do PFL era o baiano Antonio Carlos Magalhães.
Ainda
no livro de Angelo Castelo Branco, Fernando Henrique Cardoso revelou que, como
presidente, foi “várias vezes ao encontro anual que de deputados católicos, que
Marco Maciel patrocinava em sua casa. Unia-nos o respeito às crenças e a
vontade de que todos participassem da vida nacional”. E complementa: “A
colaboração de Marco Maciel para o andamento das questões legislativas durante
meu governo foi fundamental. Suas marcas na Lei de Arbitragem são indeléveis.
Seus esforços para que se reconhecesse a função dos que faziam lobbies, sem que
o fizessem ocultamente, são conhecidas”. Outra característica que Fernando
Henrique cita de Maciel é a tolerância.
Ainda lembrando da sua gestão, Fernando Henrique revelou que Marco Maciel, não descuidava “especialmente das coisas de seu amado Pernambuco”, sendo “inúmeras as vezes em que reivindicou uma estrada importante ou, sobretudo, a continuação do Porto de Suape”.
Marco
Maciel na assinatura da Constituição em 29 de setembro de 1988 (Foto: Célio
Azevedo/Agência Senado)
Trajetória
1940
- Nasceu no dia 21 de julho. Foi o quinto filho de Carmem Sylvia de
Oliveira e José do Rego Maciel. A ligação com a política foi influenciada pelo
seu pai, que foi prefeito do Recife, deputado federal eleito em 1948 e
vice-candidato a governador de Pernambuco em 1958.
1959 - Aprovado no
vestibular da Faculdade de Direito do Recife. No primeiro ano do curso, foi
diretor de Cultura do Diretório Central dos Estudantes (DCE). No segundo ano,
se elegeu presidente do DCE.
1962 - Foi eleito
presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Pernambuco e tomou posse
em 1963.
1967-1971 - Eleito
deputado estadual pela Arena e líder do governo Nilo Coelho (Arena).
1967 - Casou-se com
a amazonense Anna Maria com quem teve três filhos.
1971 - Começou a
atuar como deputado federal. Esse primeiro mandato acabou em 1974. Exerceu o
mesmo cargo entre 1975 e 1978.
1977-1978 - Atuou
como presidente da Câmara dos Deputados, em Brasília.
1979-1982 - Governador
de Pernambuco
1983 - Se elegeu
senador, cargo que exerceu por 20 anos. O primeiro mandato na Casa Alta
encerrou-se em 1991. Depois foi reeleito por mais quatro anos (1991-1994).
Voltou a ocupar a mesma função em 2003.
1985-1986 - Atuou
como ministro da Educação do governo de José Sarney. Ainda na mesma gestão, foi
ministro chefe da Casa Civil entre 1987 e 1988.
2003 - Entrou para a
Academia Brasileira de Letras. Ao longo da sua vida, publicou mais de 28
trabalhos em várias editoras, como o a do Senado e a José Olympio, entre
outras.
2010 - Aos 70 anos,
perdeu a primeira eleição da sua vida.
2011 - Terminou o
terceiro mandato de senador pelo DEM.
2014 - A partir do
final deste ano, se torna mais recluso, ficando constrangido com os
esquecimentos provocados pelo Mal de Alzheimer.
Texto:
Elton Ponce e Angela Fernanda Belfort do JC


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