Prestes a estrear na TV e no teatro, Viviane Monteiro diz que se transformar completamente em outra pessoa é um dos motivos que a move como atriz
Na série Colônia, de André Ristum, que estreia dia 25/06, no Canal Brasil e na GloboPlay, Viviane será Soraya, uma interna silenciada por traumas emocionais, muito expressiva na trama
Nascida
na cidade de Caruaru de 1988, a atriz pernambucana Viviane Monteiro
entra em cena para ocupar a telinha e os palcos do teatro a partir de 25 de
junho, quando estreia “Colônia”, série original do Canal Brasil criada por
André Ristum. Viviane estreia também no clássico de Anton Tchekhov “A
Gaivota” da Cia BR116, em teatrofilme, com direção de Bete Coelho e Gabriel
Fernandes no início do segundo semestre.
Viviane
é de uma geração que aprendeu cedo a lidar com suas múltiplas vocações. Estudou
comunicação porque queria escrever e se comunicar bem, fez artes cênicas para
ser atriz ou diretora e aos 32 anos já é diretora, produtora, roteirista e
atriz.
Sua
habilidade para fazer muitas coisas ao mesmo tempo acabou se transformando em
identidade. Uma atriz camaleônica é a característica que vem sendo notada por
diretores e colegas da profissão. Soraya, personagem da série Colônia, é uma
interna do hospital psiquiátrico homônima que passou por um trauma emocional e
não consegue mais falar. Ela foi composta pela atriz a partir de seu último
trabalho no teatro com o consagrado diretor Antunes Filho, em que conseguiu
convencer a plateia, interpretando, aos 30 anos, uma menina de 14.
“Representar uma pessoa que não consegue mais falar é um dos grandes desafios da minha carreira”, declara a atriz.
Processo de criação
O
que mais me tocou das mulheres que interpretei foi como a força e a coragem de
todas elas refletiam no meu corpo diretamente. Por um momento, não conseguia
caminhar na rua como Viviane. Não entrei nessa pira de imersão na marra. Na
força. Deixo que as personagens tomem mesmo o meu corpo. Cheguem em mim.
Respiro. As sinto. Rola uma empatia muito louca. Sinto a dor delas e só aí
então faz sentido. O que mais me toca é a dor em comum que todas elas têm: a
solidão e a maturidade de uma rocha, independentemente da idade que tenham.
Essas mulheres gostam de habitar meu corpo. Acho que aqui encontram abrigo. Eu
tenho uma gargalhada alta que alivia a dor. Todas elas me trazem muito chão.
Viviane
mora em São Paulo desde 2012 quando decidiu fazer Pós-Graduação em “Corpo:
Dança, Teatro e Performance”. Antes disso, porém, as artes cênicas já
haviam acenado a ela, no ano de 2003 fez um curso de teatro promovido pela
Globo Nordeste em sua cidade natal, Caruaru.
E
mesmo tendo se formado em Comunicação Social no Recife e tendo trabalhado na
Jovem Pan, Antena 1 e MTV nas áreas de Planejamento, MKT e Redação, a área
cultural foi a que a flechou decisivamente.
Anna
Magnani, Anna Karina, Viola Davis, Michaela Coel, Meryl Streep, Glenn Close e
Giulieta Masina compõem o time de inspirações de Viviane, que as considera
verdadeiras metamorfoses ambulantes.
Foi
atriz de montagens dos diretores Marco Antonio Pâmio, Marcelo Fonseca, Marco
Antonio Braz, Adriana Pires e de Antunes Filho (CPT – SESC) por dois anos e
atuou em sua última montagem “Eu estava em minha casa e esperava que a chuva
chegasse” que ficou em cartaz em 2018 e 2019. Entre 2015 e 2019 atuou em
Séries para a GloboPlay, Telecine Touch, Canal Sony e Canal Brasil.
Em
2020 escreveu e dirigiu uma peça remota com seu grupo de Teatro, o Grupo
Lâmina, no qual é atriz-criadora e pesquisadora. Em 2021 roteirizou e dirigiu
seu primeiro curta-metragem “Redoma”.
Há
dez anos, sua pesquisa consiste em estudar e desenvolver técnicas de teatro que
são fundamentais para fazer cinema, como o sotaque, por exemplo. “São técnicas
de corpo e voz que dão autonomia ao ator para criar em qualquer universo
proposto pela Sétima Arte”, completa Viviane.
Livros, discos e algo mais
Eu
tenho um livro que me guia na vida: Diante da Palavra – de Valère Novarina.
Todo ser humano deveria ler esse livro. A Clarice Lispector também está em tudo
o que faço, ela sempre dá um jeito. Mesmo que eu não queira (risos). Gosto de
ter sempre por perto uns sonetos de Shakespeare. Ali ao lado da cama, Mulheres
que Correm com os Lobos. Sempre. E Mitologia. Tudo sobre mitologia. Quando
minha vista se cansa, vou ver o Joseph Campbell.
Como
todo o meu estudo é em corpo, as pessoas da dança me inspiram muito. Pina
Bausch, Klauss (Vianna), Martha Graham, Laban... tenho em Pina, uma fonte
inesgotável de estímulos que respondem o que não pode ser respondido. Ali eu
tenho matéria para todas as mulheres que eu quiser criar. A força que habitava
aquele corpo aparentemente frágil era de Gaia. Quando me vejo agitada demais, é
Pina ou Tarkovsky. Pode parecer louco, mas as imagens deles, intensas, me
acalmam.
As
minhas maiores referências, no entanto, estão na rua que morei por 14 anos em
Belo Jardim - PE. Ali, não tinha pavimento, era de barro. O moço do leite
trazia o leite amarelado, fresco, em uns barris de metal e na carroça de burro
às cinco da manhã. O café da manhã era cuscuz com carne de molho, às 5h30. A
macaxeira ainda é de derreter na panela. E na boca. O cheiro até hoje me habita
e ali também morava o silêncio. Eu tinha espaço para todos os mundos. Todos.
Pegava as fantasias de carnaval e brincava sem ninguém ver de “fazer novela”.
Era o que eu tinha acesso. A vizinhança era mato e cobras, e aranhas, e um
cheiro de... verdade. Quase poético. Como uma boa sagitariana, sou do mundo.
Mas este mundo que me habita, que ainda escorrega pelo sotaque foi a minha
maior escola de arte. “Ser filha de uma Olindense cinéfila e de um Belo
Jardinense turrão me ajuda bastante. Não há no mundo, o que tenha me dado mais
matéria prima”, brinca.
CURRÍCULO EM TÓPICOS
• Teatro
– A Gaivota – Dir. Bete Coelho e Gabriel Fernandes
• Roteiro
e Direção – Redoma – Curta-metragem de ficção
• Dramaturgia
e Direção – Onde você estava, se você nem saiu de Casa? – Teatro Lâmina
• Teatro
– Leitura Online - Efemérides Clarice – Direção de Marco Antonio Braz.
• Série
– Colônia – com Soraya, para o Canal Brasil. Direção de André Ristum.
• Série
– Aruanas – GloboPlay –como Thaísa. Dir.: Bruno Safadi.
• Teatro
– A Segunda em “Eu estava em minha casa e esperava que a chuva chegasse”
de Jean Luc-Lagarce e direção de Antunes Filho - CPT (Centro de Pesquisa
Teatral) - processo de imersão de aproximadamente dois anos. (Teatro
Anchieta)
• Teatro
– “A Via Crucis do Corpo” de Clarice Lispector – Dir. Adriana Pires
• 2017
- Pós Graduação em “Corpo: Dança, Teatro e Performance” na ESCH, São
Paulo
• 2016
– Fundou sua Cia de Teatro, Cia Lâmina
• Workshop
com Luís Mário Vicente “A Poética do Ator”
• Curso
“Physical Comedy” com John Mowat (UK)
• Série
“Marias” para Telecine e Canal Sony – direção de Vera Egito e Vitor Mafra (de
2015 até 2017)
• Teatro
- Lisa em “O Tambor e o Anjo” de Anamaria Nunes – Direção de André
Garolli (Teatro ViGA)
• Teatro
– Rainha Hermione em “O Conto de Inverno” (W. Shakespeare), Dir. Marco Antonio
Pâmio (Teatro Nair Bello)
• Curso
Técnico – Formação para Atores na Escola Wolf Maya
• Teatro
– “São Paulo Surrealista II” do Grupo de Teatro Do Incêncio – dir.: Marcelo
Marcus Fonseca. (Teatro do incêndio)
•
WorkShop de Teatro Físico “O corpo poético” e “Falemos
de Amor” com Sebastién Brottet-Michell (Theatre Du Soleil –FR)
• Oficina
de teatro Mimético e Diegético da Cia. Os Satyros – coord. De Rodolfo G.
Vasquez.
• Comunicação
e Planejamento – MTV, Jovem Pan e Antena 1 – Planejamento, Comunicação e Marketing.
• Proficiency
English Certificate – Dublin School of English
• 2010
– Graduação em Comunicação Social.
• 2007
– Prêmio de Melhor Redatora Junior pelo Jornal do Commercio PE.

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