Fotos: Amaro Dias; Heleno Severino; Diniz Vitorino e Dr. Alexandre Gusmão.
De
repente, de dentro de uma casa na Rua Sebastião Bastos, se escutou um tiro, um
"pipoco fofo", e as mãos que seguravam a viola carregavam uma
espingarda...
O
violeiro se preparava para ir a uma "caçada" no sítio Olho D'água do
Púcaro quando acidentalmente a espingarda soca soca disparou em sua boca...
Quem
estava por perto correu e Amaro Dias foi levado ao médico Dr. Alexandre Gusmão
para ser atendido em razão dos ferimentos na garganta...
O
antigo médico tratou as lesões de imediato, mas adiantou que o poeta tinha que
passar um bom tempo sem cantar. Amaro então pensou nos filhos, o mais velho
tinha pouco mais de dez anos e os outros quatro ou cinco filhos eram uma
escadinha de idades...
O
que fazer sem sua fonte de renda à época: as cantorias?
Alguns
dias depois, dois colegas seus, repentistas, Heleno Severino e Diniz Vitorino,
participavam de um Congresso de Violeiros em Olinda...
Quando
o Congresso terminou, Diniz e Heleno pediram a palavra e contaram a história do
violeiro cheio de filhos pequenos que havia se acidentado com a "soca
soca"...
Muita
gente ajudou, as pessoas colaboraram, e pouco tempo depois, Diniz e Heleno
chegaram com um pacote de dinheiro e entregaram ao amigo violeiro, este comprou
sacos de carvão para revender e sustentou a família até voltar a cantar...
Infelizmente,
em 2003, Heleno Severino deu adeus com pouco mais de 50 anos de idade e em
2010, Diniz Vitorino se despediu com cerca de setenta anos...
Mas
o que eles fizeram por meus pais e meus irmãos nunca os deixaram morrer para
mim e a atitude humana e solidária deles, realizada mais de 40 anos atrás,
quando eu nem nascido era, fizeram nascer, antes de eu nascer, um sentimento de
gratidão que nunca morreu e nunca vai morrer...
Texto de Clécio Dias.
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