06 de março
– Data Magna de Pernambuco, o que essa data representa para nosso Estado, para
a história do Povo Pernambucano? O dia 06 de março relembra o estopim da
Revolução pernambucana de 1817. Mas fica a pergunta o que Napoleão
Bonaparte tem a ver com a Revolução Pernambucana de 1817? Eu diria que o
imperador Francês Napoleão tem sim haver com a nossa revolução, de forma
“indireta”, mas têm. Senão vejamos, foi exatamente para escapar de Napoleão
Bonaparte, que o Príncipe Dom João fugiu para o Brasil, trazendo consigo toda
sua Corte, estima-se que essa mudança trouxe para o Brasil entre 10 e 15 mil
pessoas.
Ao se
instalar no Brasil a Corte precisava de recurso para manter seu
funcionamento, seus costumes e suas festas. Para bancar tudo isso, impostos
foram aumentados o que deixou muita gente insatisfeita, aliás pagar impostos
nunca foi visto com bons olhos pela sociedade, não importa o lugar nem o tempo,
pagar imposto sempre trouxe insatisfação, e quando o imposto torna-se abusivo a
revolta aumenta, pois foi o que aconteceu nesta época. Outro ponto que contribuiu
para o aumento dos impostos foi às campanhas militares na disputa do território
da Cisplatina (território correspondente ao atual Uruguai). Sendo assim até o
Uruguai tem a ver com a Revolução Pernambucana de 1817.
Além
desses fatores, não podemos deixar de lado, a influência do movimento
“iluminista” que caiu como uma luva, pois, trouxe subsídios ideológicos para
Revolução Pernambucana de 1817. Juntando a insatisfação das elites com os
impostos criados, as péssimas condições de vida, a adesão das classes mais
pobres, dos padres e também de integrante da Maçonaria, a revolução ganhou
corpo e de fato foi concretizada.
Pernambuco
de fato tornou-se uma República independente, mesmo que por pouco tempo, foram
pouco mais de 70 dias de independência, até a Coroa retomar o controle da
situação, prendendo e consequentemente executando grande parte dos líderes da
Revolução que foram: Domingos José Martins, José de Barros Lima, Cruz
Cabugá, Padre João Ribeiro, entre outros.
É
importante destacarmos as medidas implantadas pelo Governo Provisório, como por
exemplo, a Proclamação da República; a Liberdade de Imprensa e a Liberdade de
Credo; a Instituição do princípio dos Três Poderes (Executivo; Legislativo e
Judiciário); aumento no Soldo dos Soldados, abolição dos impostos criados por
D. João IV, e a Manutenção do trabalho escravo.
Podemos
ver que, apesar da revolução ter um caráter liberal e republicano, algumas
medidas implantadas pelo Governo Provisório buscavam beneficiar suas elites,
como por exemplo, a extinção dos impostos criados por D. João VI, e a
manutenção do trabalho escravo, duas medidas que beneficiariam diretamente as
elites. Ou seja, uma Sociedade mais Justa e Igualitária na verdade não era a
única, nem tão pouco a principal intenção.
Apesar de
tudo, a Revolução Pernambucana de 1817 deixou um grande legado, principalmente
ao Povo Pernambucano, nos marcando de vez como um povo aguerrido que luta por
seus ideais, nos fez viver o sonho de um Brasil Republica, aliás, vivemos como
Republica, mesmo que pouco tempo. Podemos dizer que a semente foi plantada,
pois como diz parte de uma estrofe do nosso hino “(... a República é filha de
Olinda...)”.
O dia 06
de março de 1817 modelou parte da história do Estado Pernambuco, tanto na
questão política e territorial, tendo em vista que, uma das punições impostas
pela Coroa, foi o desmembramento da Comarca das Alagoas, que pertencia a
Pernambuco.
Portanto,
o 06 de março foi com muita propriedade escolhido para ser data magna de
Pernambuco, pois esse dia retrata de forma singular a bravura de um Povo
aguerrido e de tradições republicana.
Dito
isto, vamos à pergunta inicial do texto, “o que Napoleão Bonaparte tem a ver
com a Revolução Pernambucana de 1817”, podemos dizer que a participação do
Imperador francês teve muito haver, pois, foi para escapar dele, que D. João
VI, fugiu para o Brasil com toda sua Corte, o que gerou mais tarde as
insatisfações das elites pernambucanas. No contexto geral podemos tratar
Napoleão, D. João VI e tantos outros apenas como personagens de um contexto
histórico e acima de tudo um contexto Geopolítico da Europa do século XIX, que
acabou envolvendo o Brasil e consequentemente Pernambuco.
Por:
Nilson Pereira da silva.
Geógrafo
Licenciado pela Universidade Estadual da Paraíba – UEPB.
Pós-graduado
em Ensino de História e Geografia e suas Linguagens pela UniCesumar.
Graduado em
História pela UniCesumar
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